segunda-feira, 5 de março de 2012

OSCAR 2012 - Crítica de A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

O grande vencedor do Oscar deste ano, junto com O Artista invade todas as salas de cinema 3D do país com uma fábula que mescla a necessidade de sonhar com uma bela homenagem à base do cinema e sua origem francesa.
Scorcese reúne os melhores de sua equipe para montar um espetáculo que é um deleite aos olhos, aos ouvidos e ao coração. Hugo foi um sucesso de bilheteria em terras Norte-Americanas e promete sair-se bem mundo afora, não só pela divulgação mas agora pelo reconhecimento da crítica. O filme é tecnicamente impecável, e o próprio Scorcese que era contra o uso da tecnologia 3D para simples vendagem de um longa mostrou aos amigos como se faz uso da tecnologia como parte essencial de contar uma história. Aliás, o 3D sonoro e visual de Hugo é um caso à parte.
Vamos à sinopse? Para quem assim como eu não entendeu patavinas do trailer e não sabe o que te espera, A Invenção de Hugo Cabret tem como personagem principal, claro, Hugo (Asa Butterfield, o fofinho de O Menino do Pijama Listrado e que arrebenta em seu protagonista), rapaz orfão que vive com o tio, um bêbado que o ensina a cuida dos relógios da estação de Paris e desaparece deixando o menino sozinho e com o perigo de ser levado ao orfanato. Tendo de roubar para sobreviver, o menino ainda tem um projeto a cumprir: seu falecido pai lhe deixou um autômato, robô escritor que precisa ser consertado e que ele acredita ter uma mensagem póstuma do pai. Para tal ele rouba peças da loja de brinquedo de velho (Ben Kingsley, soberbo), onde conhece sua afilhada Isabelle (Chloe Grace Moretz, a excelente atriz de Deixe-me Entrar) que passa a ser sua comparsa numa aventura em busca da verdade por detrás deste autômato e do passado sombrio de seu avô. 
Daí se desencadeiam várias reviravoltas e uma história que é uma verdadeira homeagem ao cinema e sua origem e ao poder dos sonhos. O filme usa o 3D como personagem extra, sendo embasbacante seus efeitos durante o longa e como isso ajuda a criar a ilusão necessária. Una a isso um dos melhores trabalhos sonoros digitais de todos os tempos e temos uma fábula com todo o requinte de uma superprodução.
Hugo mexe com a história de Georges Mélies, um dos pinoeiros não só do cinema mas dos efeitos visuais. Vale pesquisar um pouco sobre o cineasta para embarcar melhor na história. A bem da verdade é que Scorcese consegue não somente criar o ambiente perfeito para esta homenagem, como tem em seu time de atores o tom perfeito de uma atuação que não só nos faz embarcar na história, mas se emocionar com cada um deles. Até mesmo Sacha Baron Cohen, o destramblehado ator de Borat e Brüno se destaca com seu papel de Vigia da estação, provando que é melhor ele parar com seus filmes de "comédia" polêmicos e seguir como ator, onde se sai bem melhor. O bacana de ter um diretor reconhecido é que grandes artistas como a excelente Emily Mortimer (Ilha do Medo), Jude Law (Closer), Ray Winstone (Beowulf), Christopher Lee (O Senhor dos Anéis) e a ótima Helen McCrory (a Narcisa Malfoy de Harry Potter) aceitam papéis secundários o que só abrilhantam mais o longa.
EM TEMPO - O trailer de Hugo foi mal montado, o que pode causar no espectador a ilusão de ser um filme infantil cheio de aventura, movimentado e cheio de ação como um Harry Potter ou Nárnia. Não é nada disso. É um drama, então algumas pessoas saem "decepcionadas" do cinema por esperaram ver um filme cheio de efeitos mirabolantes, movimentados e se deparam com uma fábula contada e baseada nos dialógos e nessa homenagem ao cinema. Portanto permita-se ir sem pré-conceitos, saiba desde já que não é um filme movimentado, mas um filme lindo e que nos faz acreditar nos sonhos outra vez. Um belo trabalho de Scorcese, uma mais que merecida homenagem à Mélies.
Nota: 9,0

Nenhum comentário: