segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar 2012 - Os Vencedores

Ontem foi dia da segunda maior festa do ano (a primeira é meu aniversário), onde o créme de la créme de Hollywood e agora da Europa se unem para celebrar o cinema e seus feitos extraordinários do ano que se passou. Como a indústria cinematográfica tem um atraso do tempo de estréia de um filme em território Norte-Americano para as terras Brasilis, muitos são os filmes que ainda não vimos a cara ou que estão estreiando este mês e que já são indicados. Isso porque as produtoras, visando que os jurados lembrem de seus filmes, guardam aqueles que acreditam ser fortes suficientes para o Oscar para serem lançados lá no final do ano, dezembro geralmente, o que provoca a chegada deles aqui entre janeiro e março. Mas determinado, acompanhei todos os indicados e comento agora os vencedores da 84ª cerimônia dos Prêmios da Academia.

TRILHA SONORA - Vencedor - O ARTISTA

Não tem nem o quê se discutir. Num filme onde não se há falas, o som é essencia e a trilha conta boa parte da história, além de criar o clima certo, e isso a obra francesa faz com grande competência.

Se não fosse esse, ganharia... - Se não houvesse O Artista, o vencedor poderia ser A Invenção de Hugo Cabret, que também faz um sábio uso da trilha incidental para ambientar o longa da maneira perfeita.

EDIÇÃO DE SOM - Vencedor - A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

O filme de Scorcese é impecável tecnicamente, como veremos ao longo dos prêmios, e o Som é de uma qualidade assustadora. Vale a pena conferir numa sala de cinema digital.


Se não fosse esse, ganharia... - Possivelmente, Drive, que utiliza também sabiamente do som e causa impacto nos momentos certos.

FIGURINO - Vencedor - O ARTISTA
Mais uma vez, o filme é de época e precisa ser bem ambientado, e isso é feito com um esmero e um primor que o fez merecedor deste prêmio. Outro impecável trabalho. Reparem em como durante a queda da carreira de Valentim o desgaste gradativo dos tecidos e a mudança do preto e branco fortes mudam para tons acizentados.

Se não fosse esse, ganharia... - Fico entre o rico e sonhador figurino de A Invenção de Hugo Cabret e o requintado e renascentista figurino de Anônimo, mas como a Academia já premiou demais filmes da Renascença, iria de Hugo.

FOTOGRAFIA - Vencedor - A Invenção de Hugo Cabret
Scorcese usou de sua melhor equipe para criar o visual deste filme. As cores bem mescladas, os tons de azul e dourado com o cobre e  a profundidade de cores aproveitada no 3D valem o ingresso!

Se não fosse esse, ganharia... - Provavelmente, O Artista. Trabalhar com tons de cinza e conseguir passar nuances de sombra e luz na medida certa para gerar o clima certo é dificílimo e o filme faz isso muito bem.

EFEITOS SONOROS - Vencedor - A Invenção de Hugo Cabret
Mais uma vez, o bom uso do som digital em cenas de explosão, em cenas onde mil coisas acontecem ao mesmo tempo e precisamos ter a sensação correta. O filme é de uma qualidace absurda nesse quesito.

Se não fosse esse, ganharia... - Cavalo de Guerra. Spielberg é outro mestre quando se trata de qualidade sonora, e seu filme épico de guerra consegue fazer o simples trote dos cavalos impactante.

EFEITOS VISUAIS - Vencedor - A Invenção de Hugo Cabret
Como eu disse, um filme tecnicamente perfeito. Hugo Cabret utiliza do melhor da tecnologia para contar sua história. O uso inteligente e inovador do 3D faz valer o ingresso e causa deslumbre. Lindo.


Se não fosse esse, ganharia... - Sou testemunha, mas acredito que venceria Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2, outro filme que usou inteligentemente os efeitos especiais para contar a história e com uma qualidade de prender o fôlego.

CANÇÃO - Vencedor - Os Muppets

Realmente acho injusto, não pelo filme nem nada, mas o própria longa tem canções melhores que a indicada Man or Muppet e a canção de Carlinhos para Rio era melhor, mas a academia gosta de um Jazz... E não, não acho que foi patriotismo, preconceito, nada do que os fervorosos fãs dizem, acho que foi simplesmente mal-gosto, e se lembrarmos dos vencedores dos últimos anos, veremos que essa é uma das categorias que eles mais erram.

Se não fosse esse, ganharia... - Claro, o único concorrente, Real In Rio, a excelente canção de Carlinhos Brown e Sergio Mendez, mas muito tropical para os gringos. Também gosto da canção de Madonna para o filme W.E. que venceu o Globo de Ouro.

MONTAGEM - Vencedor - Millenium - Os Homens que Não Amavam As Mulheres

Uma zebra! Ninguém esperava esse, mas achei merecido. De fato, o suspense teria tudo para ser monótono e cansativo, mas a edição dá o ritmo certo e cria a sensação ideal para ficarmos presos nas duas horas e meia de filme. Fincher sabe que sua equipe é ótima nisso, vide A Rede Social e benjamin Button.

Se não fosse esse, ganharia... - Provavelmente, Hugo Cabret, que também consegue usar da edição para dar o ritmo certo ao longa.

MAQUIAGEM - Vencedor - A Dama de Ferro

Esse era quase que inevitável, apesar de ter outro forte, que comento logo abaixo. Mas a caracterização de Meryl Streep como a conhecida MArgareth Thatcher era absurda, era assustadora e incrivelmente humana e real.

Se não fosse esse, ganharia... - Albert Nobbs, sem dúvida. A caracterização de Glenn Close como um homem é outro trabalho assustador. Um bom ano para os maquiadores.


DOCUMENTÁRIO - Vencedor - Undefeated

O filme foi lançado no finalzinho do ano lá e conquistou o público com a já manjada história de superação de um time ruim, mas aqui acompanhado de perto e com uma qualidade que não o faz piegas, o faz intenso e lindo.


Se não fosse esse, ganharia... - Pina, o excelente acompanhamento de Win Winders em três espetáculos dos grupos de balé de Pina Bausch. Excelente produção, chega em breve no país.

DIREÇÃO DE ARTE - Vencedor - A Invenção de Hugo Cabret
Como disse, filme bonito de se ver. As Cores, os cenários, as luzes, a riqueza de detalhes, tudo é um deleite visual e isso Dante Ferreti, amigo de chiclete de Scorcese faz como poucos.


Se não fosse esse, ganharia... - Olha, fico em dúvida entre a recriação Hollywoodiana dos anos 20 de O Artista ou a recriação Parisiense de Meia Noite em Paris. Os dois mereceriam.

ROTEIRO ADAPTADO - Vencedor - Os Descendentes

Mais que merecido. A obra conseguiu filtrar toda a humanidade e os conflitos do drama e transpôr com diálogos fantásticos para a tela. O filme é todo baseado nos diálogos e eles são inteligentes, atuais e diretos.

Se não fosse esse, ganharia... - Talvez O Homem que Mudou o Jogo, que também soube transpôr com eficiência o livro e os diálogos ficaram muito bem costurados.

ROTEIRO ORIGINAL - Vencedor - Meia-Noite em Paris

Ainda bem que não ganhou o Artista. Amo o filme, mas a idéia de Woody Allen é bem mais original e de uma inteligência cômica e costura ótimas. O filme tinha tudo para ficar confuso, mas não fica graças a riqueza dos diálogos de Allen e sua inteligência literária.

Se não fosse esse, ganharia... - Voto em A Separação, outro que é inusitado ao pegar um fato simples e fazer reviravoltas e tirar pêlo de ovo com diálogos ótimos.

ANIMAÇÃO - Vencedor - Rango

A ótima animação do diretor de Piratas do Caribe com a caracterização de Johnny Depp como o camaleão com crise de identidade e um roteiro mais que criativo fizeram de Rango a animação mais premiada do ano, e com méritos. Já está em DVD no Brasil!


Se não fosse esse, ganharia... - O queridinho do público, o divertidíssimo O Gato de Botas, que sai do Shrek e ganha forças para ser um desenho separado com estilo e graça.

FILME ESTRANGEIRO - Vencedor - A Separação

Só poderia ser. O longa Iraniano tem levado todos os prêmios e com todo o direito. A trama é inteligente, simples e eficaz, os atores competentes e o filme tem um ritmo e direção competentes. Uma boa forma de vermos como se faz um filme não estrangeiro, mas mundial.


Se não fosse esse, ganharia... - Tinha de ser ele, mas se não existisse o filme, o outro seria In Darkness, excelente visão do Holocausto com um roteiro muito bem desenvolvido e excelentes atuações.

ATRIZ COADJUVANTE - Vencedora - Octavia Spencer

Era dela e ninguém tirava. A excelente Octavia é a alma e a graça de Histórias Cruzadas. Sustenta sua personagem com um talento e uma força que transcende a tela e nos emociona sem esforço algum. Aliás, o filme tem um grupo de atrizes incríveis!

Se não fosse ela, ganharia... - Janet McTeer, por seu papel intenso, difícil e bem executado em Albert Nobbs, segurar a tela com Gleen não é tarefa para qualquer uma e ela faz isso com muita força e talento.

ATOR COADJUVANTE - Vencedor - Christopher Plummer

Outro troféu merecido. O senhor Plummer venceu praticamente todos os prêmios com seu personagem intenso e cheio de características que poderiam se tornar clichês e piegas em Toda Forma de Amor - ele é gay, tem câncer terminal e namora um garoto. Mas ele faz co0m uma maestria, uma seriedade e uma leveza impecáveis.

Se não fosse ele, ganharia... - Keneth Branagh pela personificação incrível de Sir Laurence Olivier no longa Sete Dias Com Marilyn. Não só uma homenagem ao grande ator britânico, Branagh faz de uma maneira muito limpa e competente sua versão do astro.

ATRIZ - Vencedora - Meryl Streep

Ela já está cansada de ganhar, acha que outras devem ter sua chance, mas Meryl, então pára de ser tão absurdamente boa! Ela personificou uma figura política controversa e muito conhecida com um dom e uma inteligência que vemos poucas vezes na história do cinema. Desde os trejeitos, voz, tiques, maneiras de parar, pausas, tudo é absurdamente crível e coordenado como uma maestra. Uma aula de interpretação.

Se não fosse ela, ganharia - A outra ótima Viola Davis e seu trabalho mais que lindo em Histórias Cruzadas. Vale a pena ver esse filme e se deliciar com essa talentosíssima atriz que nos comove e emociona sem esforço, mas com muita força e verdade.

ATOR - Vencedor - Jean Dujardin

Ele é o carisma e a simpatia em pessoa. O francês segurou as pontas sem abrir a boca durante as mais de 2 horas de O Artista e podemos dizer que boa parte do filme ser tão cativante e prender a nossa atenção é graças à ele. E dança, e sorri, e chora, e pira, faz tudo isso com sincronia e uma verdade no olhar que nos comove.


Se não fosse ele, ganharia... - Amo o Gary Oldman e ele está ótimo em O Espião Que Sabia Demais, mas Clooney arrebenta em Os Descendentes. Seu papel de viúvo perde todos os trejeitos de Clooney que se limpou de manias interpretativas e compra o drama da personagem, embarca na história e nos comove. Simples e eficaz.

DIRETOR - Vencedor - Michel Hazanavicius
O trabalho de direção de O Artista é primoroso. Arrancar o que necessita de seus atores sem ser piegas ou falso, a harmonia de cada elemento do filme e contar uma história que tem tudo pra ser antiquada e cansativa de uma maneira inovadora faz deste francês merecedor de seu prêmio.

Se não fosse ele, ganharia... - Martin Scorcese e seu trabalho de mestre grandioso em Hugo Cabret. Scorcese maestre cada elelmento do filme com inteligência e talento de quem sabe o que faz.

FILME - Vencedor - O ARTISTA
Não tinha como não ser, era óbvio e merecido. O filme ficará marcado na história do cinema por voltar com vários elementos considerados obsoletos e cativar o público exatamente com tudo isso que achávamos morto. O filme é simples, romântico, nostálgico, lindo de se ver e por isso, inesquecível.

Se não fosse ele, ganharia... - Fico entre a qualidade de Hugo Cabret e a qualidade cênica de Histórias Cruzadas.

Ufa, acabei! E que venha 2013!!

Aaaah - Dia 05 estarei no Canal RIT Notícias no programa Análise Direta falando de cinema brasileiro!

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