quinta-feira, 15 de julho de 2010

Crítica - Lobisomem


Confesso caro leitor que tenho um pé atrás com filmes de criaturas como Lobisomens, Vampiros, monstros como Frankenstein, e o motivo é que respeito a literatura que os trouxe a nós e me ofende ver sua manipulação desrespeitosa muitas vezes vista no cinema. Acredito que cada um dos mitos citados receberam homenagens decentes, os vampiros foram brilhantemente retratados nos filmes Dracula de Bram Stocker e Entrevista com o Vampiro, Frankenstein teve uma versão interessante com Robert de Niro e Keneth Branagh e outra boa montagem com William Hurt, pouco vista. O problema é que, com algumas exceções, as demais são sofríveis e dignas de pena dos atores que se envolvem em tais pataquadas feitas para arrancar dinheiros de jovens entusiastas.
Lobisomens teve alguns fracos sucessos, como Lobo, com Jack Nicholson , Um Lobisomem Americano em Paris e o clássico da Universal dos anos 40. De resto, eram versões bobas e exageradas. Por esses motivos, assistir essa refilmagem de um clássico me incomodava, ainda mais com críticas vorazes de meus colegas comentaristas cinematográficos.
Porém, ao assistir o filme, percebi que o preconceito era, como geralmente é, errado. O filme consegue trazer o clima de época bem dosado com um suspense competente em dar bons sustos e prender a atenção do espectador do começo ao fim.
O elenco afiado, com os competentes Benício Del Toro, fazendo as pontas de protagonista com força e profundidade necessárias para seu ambíguo papel, Emily Blunt, que ficou famosa como a secretária gripada de O Diabo Veste Prada, fazendo uma mocinha mais dark que o convencional e Antonhy Hopkins fazendo o que ele mais sabe fazer: loucos. Ainda como coadjuvante temos Hugo Weaving (o agente Smith de Matrix) como o caçador do lupino personagem-título.
Pra quem não conhece a história, numa cidade interiorana da Inglaterra, em 1891, pessoas vem aperecendo brutalmente assassinadas, dilaceradas e despedaçadas, provocando pavor nos aldeões que ligam os fatos a chegada de ciganos. Quando o irmão de famoso ator morre, este volta a cidade para investigar o crime por conta própria. A investigação fica acirrada quando este começa a ser acusado de ser o tal assassino. Daqui em diante, não ouso contar mais nada para não estragar as surpresas de quem não conhece a história.
Muitos criticaram este filme fazendo comparações com o clássico dos anos 40. Eu não ousarei fazer isso, porque acho que um filme deve ser avaliado de acordo com sua época e com os demais filmes do gênero que surgiram nos últimos anos. É absurdo comparar Titanic a E o Vento Levou, como é incoerente fazer o mesmo com filmes de épocas tão longínquas. Dentro do que temos atualmente em suspenses e filmes de monstro, Lobisomem consegue cumprir competentemente seu papel de assustas, criar o clima sombrio e de época, nos traz interpretações muito boas de todos, apesar da personagem de Blunt ser ignorada em certo momento do filme e se centrar mais na relação pai e filho, assim como o interessante personagem do indiano serviçal de Antonhy Hopkins, que fica apagado e pedia mais atenção. Talvez esse seja o maior problema do filme, a pressa em contar a história e em focar só na personagem principal, perdendo a oportunidade de explorar outras personagens interessantes que surgem aqui e ali. Mas ainda assim, seus efeitos especiais surpreendentes, a ambientação fiel e a montagem que nos dá sustos no momento certo fazem de O Lobisomem uma boa pedida aos fãs do gênero.

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