quinta-feira, 3 de junho de 2010

Prólogo - O Enigma dos Baldes

Prólogo
Antes que o leitor acompanhe os fatos que ocorreram na cidade de Nossa Senhora da Comandaroba no período entre junho de 1997 e janeiro de 1998, é preciso conhecer o local e seus moradores, o que será de extrema importância para que compreenda o desenrolar da história. Claro que neste pequeno prelúdio, o leitor não precisa se preocupar, não falaremos de todos os habitantes, embora seja uma cidadela aonde ainda hoje se vota com cédulas de papel e todos estudam na mesma escola, pois como em toda cidade, existem pessoas simplesmente ignoráveis, com todo o respeito a quem quer que estas sejam. Vamos apresentar neste início de enredo apenas os 10 mais influentes membros desta comunidade, que estarão vivamente presentes (menos um, que falecerá) durante a trama.
Mas vamos começar pela cidade. Nossa Senhora da Comandaroba fica no extremo Noroeste do estado de Alagoas, quase que divisa com Pernambuco, situação que sempre resulta em discussão entre os anciãos do local. Uns apostam ser Alagoas, outros Pernambuco, enquanto os mais jovens apostam que o local nem exista de tão pequeno. Dividindo a cidade do município de Mata Grande e do município de Manari temos um rio que os habitantes chamam de Rio das Virgens. O tal rio é temporário, tem sua inundação entre os meses de janeiro e março, vai abaixando o nível no meio do ano, desaparecendo por completo entre Agosto e Setembro, únicos dois meses os quais os habitantes de Nossa Senhora da Comandaroba podem sair ou serem visitados. Talvez por isso a cidade ganhou a fama de cidade-fantasma, pois fica uma boa parte do ano isolada de comunicação, há não ser pelo correio que leva as correspondências de barco.
A estrutura da cidade não poderia ser mais clássica, em seu centro, temos a igreja Matriz, no ponto mais alto da cidade. A igreja cor de rosa é circundada pela praça, que tem o coreto e a estradinha de tijolos vermelhos de frente às escadarias principais da igreja, aonde se fazem as quermesses e festivais típicos.  Nos arredores, os comércios principais, mercadinho, correio, escola, loja de roupas, farmácia, enfim, as necessidades locais. Entrecortando estes comércios, ficam as outras oito ruas da cidade, e atrás da Igreja, a prefeitura.
Agora que o leitor pode visualizar o local, vamos à apresentação das 10 pessoas mais importantes da cidade. Lembramos que alguns são tratados por apelidos, que serão apresentados logo após os nomes, para melhor identificação:
1.       FREDERICO CAMPOS REIS (56 anos) – O prefeito da cidade que é reeleito por vinte e quatro anos. Antes desse período, ele era o filho do prefeito, Ademar Campos Reis. É casado com Marcileide Teixeira Reis, bela dama de 46 anos e tem duas filhas, Escarlete Reis, de 20 anos e Horrára Reis, de 16.
2.       DIADIRA TEIXEIRA – DONA DIRA (77 anos) – Mãe de Marcileide, uma das mais respeitadas moradoras de Nossa Senhora da Comandaroba. É dona de três comércios, a loja de roupas, o ateliê de costura e a escola para moças, que ensina os ofícios do lar. Viúva; vive com seu filho de 35 anos, Osvanir Teixeira, que cuida de seus lucros.
3.       ARÍSTOCLES FIGUEROA – SEU ARI (88 anos) - Um dos moradores mais velhos da cidade, perde apenas para a velha Catita, que vive num casarão nos limites da cidade e só é vista por uma pessoa, ele costuma assustar crianças por dizer ser um estudioso do destino e tende a prever o que acontecerá com os habitantes e a cidade. Os mais velhos dizem que ele acertou por 2 vezes, e seus acertos mudaram o rumo de Nossa Senhora da Comandaroba
4.       PADRE LUÍS (75 anos) – O pároco mantém sua igreja dentro dos costumes tradicionais do catolicismo, e insiste que a criança não catequizada é possuída pelo demônio, portanto tem como dever interferir na vida de todos os habitantes. Vive em constante guerra com Seu Ari e é fielmente acompanhado de suas duas beatas, Maria do Carmo e Maria da Conceição, as irmãs de branco, pois sempre usam a cor da castidade.
5.       CORIOLANO PRUDENTE (62 anos) – Conhecido como “o homem do governo”, é responsável por recolher os impostos da cidade, destinar parte do que deve ser destinado à prefeitura e levar pessoalmente o restante até Brasília. Rude, insistente e de grande influência, é temido por muitos e famoso por despejar àqueles que não cumprem com seus deveres civis.
6.       PRUDÊNCIO ALVARES (53 anos) – O delegado da cidade tem em sua delegacia a suntuosa equipe de três policiais, e tem orgulho em dizer que nos trinta anos que atua na polícia só precisou prender uma pessoa, que continua presa, o misterioso Lepônidas. Seus policiais são o gentil Clóvis, o bruto Damião e o gago Epaminondas, que é alvo de piadas por não conseguir dizer seu próprio nome.
7.       ELEONORA GUSMÃO – TIA NÔRA (30 anos) – A professora mais amada da Escola Estadual Antônio Conselheiro, tem fama de solteirona e tem outro apelido pelos adolescentes, que a chamam de “loiruda”, a única loira da cidade.
8.       GIOLINDA GUSMÃO – DONA GIGI (52 anos) – A encarregada do correio da cidade, é também a editora-chefe do jornal que divulga as notícias de Nossa Senhora da Comandaroba, o Uma Folha, nome inspirado na quantidade de informação que o jornal – semanal – tem para seus leitores. É famosa por tentar amarrar sua filha a algum pretendente, especialmente a Bartolomeu Santos, o Bartô, rapaz que leva as correspondências de barco para Mata Grande e o único, além de Eleonora, a ter um diploma superior.
9.       AMADEUS NIVOLIN (37 ANOS) – Filho de Onofre Nivolin, único habitante da cidade famoso, foi um dos maiores pianistas do país, é pressionado pelo pai para se tornar um pianista tão bom quanto ele foi, embora sua paixão seja a literatura. É sempre visto espreitando os outros habitantes com seu telescópio e nunca sai de casa.
10.   GUMERCINDA PAES – DONA GUDA (50 anos) – A espalhafatosa dona do Bar da Cidade é casada com o cantor da cidade, Ernesto Paes, seu Neneto, e mãe de Brigita, a revoltada roqueirinha da cidade, de 22 anos, Deolinda, a tímida garçonete de 25 anos, Carolina, a enfeitada e moderna estudante de 17 anos, Petrônio, o secretário do prefeito, de 27 anos, Cícero, de 19 anos, auxilia no Jornal e Euráclito, de 14 anos, menino espevitado que odeia seu nome. Duna Guda é famosa por ser a vencedora 23 vezes consecutivas do Festival dos Baldes, evento que ocorre sempre que o rio enche e os habitantes precisam estocar água. Quando o rio abaixa, é feita uma grande festa, onde as donas de casa disputam quem faz o balde maior e mais enfeitado.
Agora que o leitor está familiarizado com o local e as pessoas, vamos à história.

CONTINUA...

Um comentário:

Iziel disse...

Curioso para saber a continuação da historia.