sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crítica - O Retrato de Dorian Gray


Poucos livros podem ser considerados obras clássicas da Literatura Mundial. Obras que independente da época e do local que esteja, permanecem interessantes, atuais e atraentes. O escritor Oscar Wilde conseguiu alcançar o feito com sua obra O RETRATO DE DORIAN GRAY. O livro já vendeu milhões de cópias, é leitura obrigatória em quase todas as escolas do mundo e já foi adaptado cerca de 17 vezes para o Cinema e para TV, o que nos leva a pergunta, o que uma outra adaptação traria de diferente? Pouca coisa, apesar de manter o enredo do original em boa parte e não buscar a atualização do conto, a história é contada na Londres da década de XIX, mas o filme segue o esperado pelos leitores em quase todo seu desenrolar.
Para quem não conhece a trama, Dorian Gray é um jovem inglês inocente e querido por muitos, apesar de mal visto pelos mais velhos da sociedade, fruto da richa que tinha com seu avô, que é imortalizado num quadro pintado por Basil, talento da região. O quadro fica tão perfeito e retrata tão bem a jovialidade e beleza de Gray que este decide usar de magia negra para que o quadro envelheça no seu lugar. Como contraponto, o quadro deve ser escondido de todos, uma vez que este retratará o verdadeiro Dorian Gray. Essa decisão de Gray vem persuadida por seu amigo Henry, que apresenta os pecados da vida ao rapaz. Dorian acaba gostando dos pecados aprendidos e começa a ganhar uma confiança e auto-estima ao ser sempre elogiado e invejado por sua beleza que vai atravessando décadas. O problema é que isso vai desvirtuando o personagem, que precisa se livrar das pessoas que possam intervir em seu caminho.
O filme retrata bem essa base da obra e os perigos da vaidade, além de mostrar um Gray ambicioso, medroso e calculista, como na obra de Wilde. O filme porém têm no começo um ritmo cansativo, Ben Barnes (Narnia - O Príncipe Caspian)  não é muito carismático para protagonista, ficando o filme nas boas cenas de Colin Firth (Direito de Amar, Mamma Mia) como o ardiloso Henry.
Outro ponto que o filme difere é na audácia de relatar orgias na aristocracia britânica, o defloramento das jovens de família, o uso de drogas como o ópio e rituais sexuais masoquistas feito pelo personagem. Particularmente, achei uma tentativa forçada de mostrar o lado podre da nobreza, em alguns momentos ficou vulgar e desnecessário. O filme acerta no tom de suspense, bem trabalhado com sustos não óbvios, a fotografia, figurinos belíssimos e efeitos especiais bem eficazes.
O livro de Wilde porém, atravessa mais décadas, chega a atravessar séculos e mostra um ponto que o filme não mostra, que é o de perder entes queridos ao que todos morrem menos você. Ainda assim, é uma boa adaptação, longe de ser perfeita, mas dá o clima certo e uma boa ambientação a célebre obra sobre a vaidade humana e seus perigos.

Nota: 7,5

Nenhum comentário: