sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crítica - Direito de Amar


Tom Ford é um renomado estilista da moda contemporânea. Seus traços, firmes e minimalistas, que ostentam o clássico mesclado com um toque de modernismo nas formas geométricas é marca predominante em seus desfiles. Como estilista, tem fama de detalhista e busca sempre o toque de beleza etérea, tanto em suas roupas quanto nos modelos que as desfilam, cujos rostos e corpos são escolhidos 1 a 1 pelo perfeccionista designer de moda.
Esses detalhes que acentuam a beleza e a elegância são traços predominantes também na primeira obra de Ford como diretor, Direito de Amar, tradução que mais parece título de novela mexicana do premiado A Single Man, que brinca com a dubliadade do título poder ser traduzido como "Um Homem Singular" ou "Um Solteirão", imagem que muitos dos alunos e vizinhos tem do professor de literatura George, interpretado belamente pelo ator britânico Colin Firth (Mamma Mia, Bridget Jones). No filme ele é um homossexual que tem um relacionamento fixo e não-omitido com Jim (Matthew Goode, de Watchmen), rapaz mais novo que ele, que traz vida e alegria a sua casa e a seus dias. No começo do filme somos informados de que Jim falecera num acidente enquanto passava um tempo com seus pais, que, vergonhosos da opção sexual do filho proibiram a George o direito de se despedir de seu companheiro. Mergulhado numa depressão profunda e solitária, o filme se passa no decorrer do dia em que George decide que irá se matar naquela noite.
O leitor não precisa se revoltar, eu não estou contando o filme inteiro, esse é o começo do filme. Daí em diante, o filme apresenta flashbacks da vida de casado de Geoge, amarrados as situações daquele dia que poderão fazer George mudar de idéia, como a possibilidade de um novo flerte, um aluno que demonstra também uma inesperada atração pelo mestre e a força de sua amizade com Charley, a divina Julianne Moore (As Horas, Fim de Caso), que poderão, ou não, fazer George mudar de idéia.
Direito de Amar é nitidamente um filme artístico. Desde os figurinos da época (anos 60), as locações, a fotografia com cores intensas mescladas ao dourado da época, a trilha sonora na medida certa, tomadas amplas, o filme não tem pressa em contar sua história, belos momentos puramente artísticos com corpos imersos na água, misturadas as lembranças em preto-e-branco do romance de outrora entre os dois rapazes, tudo dançando num ritmo agradável durante toda a obra.
Importante também salientar o foco social da questão da homossexualidade que o filme exibe. É um filme que não abusa de clichês e também não fica apunhalando a questão da homofobia. O assunto é tratado de maneira elegante, com personagens que aprovam, reprovam e outros que ficam em cima da corda sobre o assunto. Como defeito, se é que pode ser considerado um defeito, é que todo o foco artístico deixa o filme mais lento em sua narrativa, mas nada que causa cansaço. Porém, que fique claro, é um drama que será apreciado por aqueles que gostam de filmes sobre pessoas misteriosas, cuja personalidade e emoções vão sendo reveladas aos poucos, até que explodam. E Direito de Amar consegue atingir isso, seja pela direção segura de Ford, seja pela atuação na medida certa de Firth.

Nota: 9,0

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