terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

OSCAR 2012 - Crítica de A DAMA DE FERRO

Phyllida Lloyd, diretora de Mamma Mia teve de trabalhar com o lado jovial da veterana Meryl Streep ao fazê-la uma mãe quarentona, dançante e serelepe. O resultado foi que o filme foi indicado ao Globo de Ouro de melhor Comédia ou Musical e Meryl indicada a Melhor Atriz na mesma categoria. Portanto quando recebeu em suas mãos mais um roteiro britânico, agora biográfico e retratando uma das maiores mulheres da história política da humanidade e que ainda vive, Phyllis (preguiça de escrever o nome da mulher de novo) não hesitou e convidou sua amiguinha, aquela tal de Streep, agora para o desafio contrário. Envelhecer e ganhar o peso da idade, da cabeça em desajuste e de quem foi a Dama de Ferro da Guerra Fria, a grande, controversa porém respeitada Margareth Thatcher.
O filme então tece uma retrospectiva da carreira e da vida pessoal da Sra. Thatcher, desde sua adolescência simples até seu ingresso no congresso e sua batalha para se tornar líder do partido. Mostra como a corrida para o cargo de primeira-ministra foi quase que acidental e depois como o seu famoso pulso firme causou mudanças drásticas no cenário inglês. Tudo isso entremeado com a vida atual de Margareth, com cenas lindas de seus momentos de esclerose.
O filme corria o risco de ser político e enfadonho? Sim. Poderia se equivocar ao tentar transformar em Mártir uma figura política que nem sempre acertou? Sim. Poderia ser ofensivo ao tentar mostrar uma Margareth velha, esclerosada e digna de pena? Sim. Mas felizmente, nada disso ocorre. Parte graças ao roteiro correto, mas grande parte graças ao trabalho impecável de Meryl Streep.
Meryl consegue não somente dar vida a uma figura mundialmente conhecida a qual muitos de nós ainda se recorda dos discursos e da aparência, mas faz isso com uma humanidade, um respeito pela mulher por detrás da figura e com um talento de encher os olhos. É visível a transição de uma moça determinada a organizar a casa e a situação política de seu país, para as dificuldades de se administrar um país em guerra e ainda assim defender que ali ela não é uma mulher, é uma líder. A maneira como Meryl transita nessas inseguranças, rumo a construção de uma líder é arrepiante. Unido a isso, a quebra que faz na velhice de Thatcher (destaco aqui também um dos melhores trabalhos de maquiagem que já vi), sua fragilidade, ao mesmo tempo que temos relances desta mulher que sempre foi forte porque tinha de ser a mais forte de um país e sua luta com sua insanidade em busca de não perder quem ela realmente é. Tudo isso desfila aos nossos olhos de maneira sublime e perfeita.
Não, o filme não é perfeito. O roteiro é apressado, conta bem en passant suas dificuldades e suas batalhas políticas. É bem mais fácil se envolver quando se vivenciou o que ela fez, mas isso o filme não se dedica em detalhar nem em explicar, fica simples, rápido. Para mim, rápido demais. Deixa um gostinho de quero mais que sabemos não acontecer, não é um filme de sequências. Dá vontade de acompanhar aquela mulher por pelo menos mais meia-hora. Talvez o medo de ficar documental tornou o roteiro sucinto demais.
Ainda assim ,em suas 01:40 horas, o filme pe um deleite para vermos a grande Meryl Streep fazer o que faz melhor e dar uma aula de estudo da personagem e criação de um papel. Meryl se torna um our concour quando o assunto é trabalho memorável. Sua Thatcher agradou não só os exigentes conterrâneos da Dama de Ferro, mas surpreendeu o mundo.

Nota: 8,0.

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