quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Crítica - CAPITÃO AMÉRICA



Eu gosto muito de ir ao cinema sem expectativas. Acontece que quando estamos contando com a estréia de um filme, começamos quase que por osmose a acompanhar tudo o qualquer notícia/ trailer/ spoiler sobre o longa e todo esse conglomerado de informações vai nos fazendo criar uma sombra maior que a projetada, então quando assistimos de fato a obra ficamos á mercê de presenciar algo menor do que esperávamos pois tivemos tempo e material suficientes para filmarmos nossa própria versão.
Confesso ao leitor não ser fã de quadrinhos, devo ter lido umas 4 revistas da Marvel minha vida toda e não tenho frisson pelo cinema heróico, nem sou fã de ação. Assisti sim, todos os filmes de super-heróis por ser, sobretudo, fã de cinema e as indústrias vem, nos últimos 12 anos, investido bonito na área. Mas ainda assim, sempre assisto a um filme do gênero com toda a ignorância da qual me orgulho.

Portanto foi como um papel em branco que fui ver a estréia do mais antigos dos heróis nas telas. Capitão América é talvez o mais popular dentre os defensores por se tratar de um verdadeiro símbolo da bravura norte-americana no período patriótico da Guerra Mundial. Talvez por isso nós, cidadãos de países não tão patriotas, ficamos meio que inertes ao efeito atrativo de tais personagens. Confesso que esperava um filme bobo, mesmo infantil que a todo momento se balançasse a flâmula do país e se exaltasse o heroísmo de seus soldados. Sim, Capitão América é patriota, sim, dá um incentivo a lutar pelo país, mas o filme conseguiu balançar bem tais fatores com um roteiro ágil e que entretem, atuações competentes e efeitos impressionantes para agradar a todos.
Vamos começar falando de Cris Evans. O ator é, ao que me lembre, a pessoa que mais interpretou heróis no cinema. Agora loiro e no começo do longa magérrimo (efeitos incríveis, ao estilo Benjamin Button), Evans cria um herói simples, sem seus usuais maniqueísmos e gags que marcavam seus trabalhos até então. Evans está limpo, discreto, humilde e é isso que cria a empatia com a personagem. Outro destaque do longa vai para o sempre competente Hugo Weaving (o Agente Smith de Matrix, o V de V de Vingança) que sustenta um nazista que carrega dentro de si um alter-ego que faria Hitler se sentir humilde, e o faz com uma leveza e uma fidelidade ao papel que transforma sua insanidade em algo plausível. Protagonista e Antagonista do longa, ambos atores conseguem manter o ritmo e a qualidade até o final.
O roteiro é simples, facilmente compreendido e talvez aí esteja a falha do longa, o filme se torna previsível e não se aprofunda tanto em questões que permitem ir mais longe, como o fato de se passar durante a 2ª Guerra Mundial, e cria-se dentro disso uma divisão chamada Hydra que sustenta-se como única inimiga forte do momento, temos uma transição rápida de "garoto-propaganda" para "capitão" América de um jeito que parece ser simples pegar um vilão tão forte. E essa força do antagonista é perdida, temos em nossa frente uma grande personagem que não é tão bem explorado como o Coringa de Batman, por exemplo, sendo facilmente solucionado e nos dando aquela sensação "podia ser melhor, podia ser bem maior".
Um dos itens que mais se destacam no longa é o visual. Dos cenários à fotografia, a ambientação de época, a luz, nada disso se perdeu com o 3D e souberam como intensificá-lo. As cores da bandeira são usadas estrategicamente e a movimentação das câmeras é precisa, firme e segue o ritmo do longa.
Mas ainda assim, o filme é ação contínua, muito bem feito, o 3D funciona, o ritmo contagia e passa num piscar de olhos. A ambientação, figurinos estão muito bons e os efeitos sonoros incríveis. O filme faz uma boa ligação com o futuro The Avengers e apesar do patriotismo, perde menos tempo com lições de moral (oi Homem-Aranha) e mais com soluções eficazes, o que não desagradará o público.
Ah sim, o final não é bem final, mas que o leitor fique ciente que é para dar a agulhada nessa sequência que unirá vários dos heróis e quem tiver paciência de esperar depois do letreiro, verá o porque.
Enfim, Capitão América não é o melhor filme de herói dos últimos anos, mas é um dos mais bem filmados, fotografia, efeitos, sons, todos esses elementos em perfeita harmonia para agradar, especialmente na tela grande.

Nota: 7,5

Um comentário:

Anônimo disse...

O que vc disse sobre expectativa é um fato. No caso do Capitão, fui ao cinema desarmado....poi confesso que esperava um filme fraco. E acabou sendo um filme bem legal. Mas se eu (quem dera) estivesse na direção, e /ou roteiro, faria muita coisa diferente. Um filme sem narrativa linear, com eventos no passado e no futuro se entrelaçando, e mais foco na guerra seria fantástico. Agora, a oportunidade passou e fizeram apenas um filme bom.

De qq forma, gostei do seu texto. ;)

JT