Eu gosto muito de ir ao cinema sem expectativas. Acontece que quando estamos contando com a estréia de um filme, começamos quase que por osmose a acompanhar tudo o qualquer notícia/ trailer/ spoiler sobre o longa e todo esse conglomerado de informações vai nos fazendo criar uma sombra maior que a projetada, então quando assistimos de fato a obra ficamos á mercê de presenciar algo menor do que esperávamos pois tivemos tempo e material suficientes para filmarmos nossa própria versão.
Confesso ao leitor não ser fã de quadrinhos, devo ter lido umas 4 revistas da Marvel minha vida toda e não tenho frisson pelo cinema heróico, nem sou fã de ação. Assisti sim, todos os filmes de super-heróis por ser, sobretudo, fã de cinema e as indústrias vem, nos últimos 12 anos, investido bonito na área. Mas ainda assim, sempre assisto a um filme do gênero com toda a ignorância da qual me orgulho.
Vamos começar falando de Cris Evans. O ator é, ao que me lembre, a pessoa que mais interpretou heróis no cinema. Agora loiro e no começo do longa magérrimo (efeitos incríveis, ao estilo Benjamin Button), Evans cria um herói simples, sem seus usuais maniqueísmos e gags que marcavam seus trabalhos até então. Evans está limpo, discreto, humilde e é isso que cria a empatia com a personagem. Outro destaque do longa vai para o sempre competente Hugo Weaving (o Agente Smith de Matrix, o V de V de Vingança) que sustenta um nazista que carrega dentro de si um alter-ego que faria Hitler se sentir humilde, e o faz com uma leveza e uma fidelidade ao papel que transforma sua insanidade em algo plausível. Protagonista e Antagonista do longa, ambos atores conseguem manter o ritmo e a qualidade até o final.
O roteiro é simples, facilmente compreendido e talvez aí esteja a falha do longa, o filme se torna previsível e não se aprofunda tanto em questões que permitem ir mais longe, como o fato de se passar durante a 2ª Guerra Mundial, e cria-se dentro disso uma divisão chamada Hydra que sustenta-se como única inimiga forte do momento, temos uma transição rápida de "garoto-propaganda" para "capitão" América de um jeito que parece ser simples pegar um vilão tão forte. E essa força do antagonista é perdida, temos em nossa frente uma grande personagem que não é tão bem explorado como o Coringa de Batman, por exemplo, sendo facilmente solucionado e nos dando aquela sensação "podia ser melhor, podia ser bem maior".
Um dos itens que mais se destacam no longa é o visual. Dos cenários à fotografia, a ambientação de época, a luz, nada disso se perdeu com o 3D e souberam como intensificá-lo. As cores da bandeira são usadas estrategicamente e a movimentação das câmeras é precisa, firme e segue o ritmo do longa.
Mas ainda assim, o filme é ação contínua, muito bem feito, o 3D funciona, o ritmo contagia e passa num piscar de olhos. A ambientação, figurinos estão muito bons e os efeitos sonoros incríveis. O filme faz uma boa ligação com o futuro The Avengers e apesar do patriotismo, perde menos tempo com lições de moral (oi Homem-Aranha) e mais com soluções eficazes, o que não desagradará o público.
Ah sim, o final não é bem final, mas que o leitor fique ciente que é para dar a agulhada nessa sequência que unirá vários dos heróis e quem tiver paciência de esperar depois do letreiro, verá o porque.
Enfim, Capitão América não é o melhor filme de herói dos últimos anos, mas é um dos mais bem filmados, fotografia, efeitos, sons, todos esses elementos em perfeita harmonia para agradar, especialmente na tela grande.
Nota: 7,5
Um comentário:
O que vc disse sobre expectativa é um fato. No caso do Capitão, fui ao cinema desarmado....poi confesso que esperava um filme fraco. E acabou sendo um filme bem legal. Mas se eu (quem dera) estivesse na direção, e /ou roteiro, faria muita coisa diferente. Um filme sem narrativa linear, com eventos no passado e no futuro se entrelaçando, e mais foco na guerra seria fantástico. Agora, a oportunidade passou e fizeram apenas um filme bom.
De qq forma, gostei do seu texto. ;)
JT
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