quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Crítica - DEIXE-ME ENTRAR



Quando um filme recebe sua versão norte-americana com menos de 3 anos é porque deve ser algo muito bom, ou algo muito inovador, certo? Bom, nem sempre.
Deixe-me Entrar é um terror sueco de 2008 que causou furor pelo roteiro inteligente, que mescla vampiros com a descoberta do amor sem ser ruim, ou digamos, sem ser Crepúsculo. O original sueco é bem produzido, roteiro bem amarrado e muito competente, mas nada surpreendente. Claro que a febre vampiresca foi um dos principais atrativos para a regravação do filme buscando nitidamente mais lucro pelos Yankees. Independente disso, a refilmagem é sim, bem fiel ao original, por vezes fiel demais (lê-se Ctrl+C Ctrl+V) mas nem por isso deixa de ser uma boa opção pra quem gosta de um suspense bem escrito e sem a pieguisse da saga Twilight.

No longa, menino de 12 anos que sofre bullying em colégio no interior do Novo México e tem dificuldade em fazer amigos começa a se interessar por menina que chega com o pai em seu condomínio com costumes estranhos como andar na neve descalça. Aos poucos os encontros noturnos do rapaz com a mocinha de 12 anos também vai sendo entremeado por uma onda de crimes na cidade envolvendo drenagem de sangue das vítimas.
Não contarei mais pra não estragar àqueles que não viram o original. Vale lembrar que Deixe-me Entrar é uma metáfora as relações na pré-adolescência, à descoberta do amor e até a Shakespeare e seu Romeu e Julieta. Mas o decente roteiro não faz disso algo forçado, meloso ou ridículo, sustenta a verdade, o casal de atores mirins seguram bem as pontas e as cenas de terror são boas sem serem exageradas.
O clima sombrio do inverno acrescentado dos perigos que envolvem a relação do casal protagonista ajudam a contar a história que não tem nada de muito surpreendente ou complexo, não espere nenhuma reviravolta esfusiante, mas confie numa história sem muitos buracos ou apelos para sustos fáceis. Deixe-me entrar é simples e eficaz.
Vale lembrar também que a atriz principal é Chloe Moretz, que roubou absurdamente a cena em Kick-Ass como a Hit-Girl e mostra muoto talento, sustentando duas vértices de sua personagem: a inocência da idade e descoberta do amor junto com os mistérios que envolvem ela e seu pai, o indicado ao Oscar Richard Jenkins. Sua personagem consegue ser por vezes delicada e fofa, por vezes assustadora e sombria. E isso faz toda a diferença na levada da história, que não enrola muito, é suficiente e direta sem ser apressada.
Deixe-me Entrar então vale sim como uma boa opção de suspense, com boas cenas de terror, bom roteiro, bons personagens e um romance que não incomoda. Uma refilmagem apressada, mas em tempos de Bella e Edward está na hora do mundo ter mais acesso a menos açúcar.

Nota: 7,5

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