segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crítica - DEMÔNIO

Mais um filme de M. Night Shyamalan. Mais um suspense de M. Night Shyamalan. Mais um fiasco de M. Night Shyamalan? Não. O leitor pode ficar surpreso, mas apesar de ser o longa com menor marketing da carreira do cineasta, este não decepciona como suas últimas obras. Talvez porque nesse ele só criou a história, deixando a cadeira de diretor para outro (John Erick Dowdle, de Quarentena).

Primeiro gostaria de deixar claro que eu sou um admirador do trabalho de Shyamalan. Desde seus tempos de roteirista (O Pequeno Stuart Little é dele), eu assisti todos os seus longas no cinema. Como todo o mundo, Sexto Sentido me fascinou, Corpo Fechado me instigou, apesar de não aprovar o ritmo lento do filme, achei Sinais interessante, apesar do tom meio Spielbergiano, A Vila é um de meus favoritos, tanto o controverso roteiro quanto a edição e direção, mas aí a coisa descambou. A Dama na Água foi fraco, estranho, fantasioso demais e com o clima errado, e Fim dos Tempos começou muito bem, com uma trama interessantíssima, mas foi um dos maiores casos de "história-boa-que-acaba-uma-catástrofe" dos últimos anos. Sua última incursão, O Último Mestre do Ar, conseguiu manter uma certa qualidade,  excelentes efeitos, sem ser muito original, mas agradando seu público alvo, as crianças.

Portanto, a carreira nada estável de Shyamalan me instigam e me faz assistir seus filmes sempre com um pé atrás. Alguns de seus filmes são feitos para um público mais seleto, que não busca finais felizes ou coisas incríveis, mas histórias bem amarradas e novas, outros são bem cinema-e-pipoca e agradam a maioria. Com Demônio, ele conseguiu mesclar um pouco de cada, mas sem forçar a barra, como é de seu costume.

O filme tem um enredo simples, porém original: como será que o Diabo seleciona suas almas? No filme, uma lenda diz que ele se passa por um de nós e pega suas vítimas num jogo onde todas sucumbirão ao mal. Claro que suas vítimas não são santinhos, são pessoas que fizeram algo no passado que justifique sua estadia com o tinhoso. Em particular, 5 pecadores são escolhidos para ficarem presos em um elevador de um prédio onde, no mesmo dia, um suicídio ocorreu, pois o suicídio é o chamado do "Demo". Enquanto o sete-peles brinca com a vida dessas pessoas presas nesse ambiente claustrofóbico, um policial descrente, (o ator Chris Messina, de Julie e Julia) tentará resgatar as 5 pessoas, processo que se acelera quando elas passam a ser atacadas dentro do elevador.

Não vou me estender no roteiro, porque, como de praxe nos filmes de Shyamalan, existem surpresas escondidas e seu estilo de "O fim justifica os meios" que sempre funciona e pega desprevenido o público. Demônio tem a vantagem de não se complicar e nem procurar justificativas além do convencional. É simples, direto e não foge de seu contexto. Talvez seja o meior defeito do filme, não ir mais a fundo. O ritmo acelerado e sucinto do filme não permite explorar mais personagens e situações, ficando fácil de se raciocinar e chegando a uma conclusão cedo demais (o filme tem só 80 minutos), mas nada que estrague a diversão de ver Shyamalan fazer um filme simples e eficaz.

A maneira como a história é conduzida, com trechos de histórias que vão se relacionando aos poucos, a claustrofobia do elevador, unido ao desespero dos que tentam solucionar o problema, e a narrativa um tanto quanto mística e religiosa do segurança que busca explicar os planos do tal Demônio funcionam bem e não permitem que o espectador se perca. Pirando menos, usando menos atores-celebridades, neste filme não há ninguém famoso, e contando uma história no estilo "Além da Imaginação", Shyamalan provou que precisava deste freio de Hollywood, com uma produtora que investiu menos em dólares, mas mais em criatividade. Um filme simples, sim, mas de vez em quando precisamos nos entreter com menos. E não espere efeitos mirabolantes e nem um diabo vermelho de chifres, neste filme, o Demônio é um de nós...

Nota:7,5

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