quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Crítica - O ÚLTIMO MESTRE DO AR



Eu sempre fui um fã insistente de M. Night Shyamalan, o famoso e malfadado diretor de O Sexto Sentido. Como diretor, gosto da maneira que Shyamalan consegue mesclar planos abertos com contraponto de rostos e focos nos olhares e em elementos cênicos nos momentos certos. Porém, como roteirista, ele tende a decepcionar a grande massa, com a exceção do filme do menininho que vê gente morta. Numa escala de decepção dos críticos e fãs, Corpo Fechado agradou imensamente críticos (e nerds) o grande público detestou (culpa do trailer, na minha opinião), Sinais agradou a maioria, A Vila (um de meus favoritos) desagradou o grande público e agradou parte da crítica, A Dama na Água (o pior, em minha opinião) desagradou os 2, assim como o último Fim dos Tempos, que eu particularmente acho fantástico até chegar perto do final, quando o roteiro desanda e as atuações também.
Mas agora Shyamalan teve que controlar sua capacidade de "ferrar com o final" de seus roteiros uma vez que O Último Mestre do Ar é a transposição live action da animação Avatar (o filme só não recebeu esse título graças aos azuizinhos de James Cameron), desenho que conquistou fãs no mundo inteiro. Então, por respeito a obra original e aos fãs, Shyamalan não pode ser abusadinho e teve que seguir a história como ela é.
Particularmente, não assisti o desenho, sei brevemente sua história que envolve nações que controlam os quatro elementos da natureza (Ar, Água, Terra e Fogo) e sabia que a personagem principal era um molequinho abusado com uma seta na cabeça. Para não fazer demérito com minha crítica, resolvi ver ao menos um episódio para comparar com o filme.
Para os fãs, O Último Mestre do Ar é baseado no Livro 1 da saga de animação, aonde conhecemos os irmãos Katara e Sokka, membros da tribo da água, ela a única da tribo capaz de dobrar água (manusear o elemento como arma) e como eles encontram Aang, menininho esquisito, falador que é identificado como sendo o Avatar, pessoa capaz de dobrar os quatro elementos e o último dobrador de ar vivo, depois que a tribo do fogo  resolveu dominar e aniquilar todos os dobradores de ar na busca de afugentar o Avatar e ser a nação dominante sobre os demais elementos.
Daí por diante acompanhamos a saga deste trio, do príncipe exilado da tribo do fogo, Zuko, feito pelo competente ator Dev Patel (de Quem Quer Ser um Milionário) e o maléfico comandante Zhao, Aasif Mandvi (de A Proposta e Jericho). Devo lembrar o leitor que, antes de mais nada, O Último Mestre do Ar é um filme INFANTIL. E acho que aí morou o defeito dos críticos de esperarem um filme cheio de enigmas, surpreendente, mas não podemos esquecer quem é o público-alvo. Como filme de aventura infantil, O Último Mestre do Ar é muito divertido. Efeitos especiais de cair o queixo, ambientação fantástica, o trio principal não é dos mais fantásticos, mas não incomodam e conseguem segurar o ritmo. A história é bem contada e fica fácil de entender mesmo pra quem nunca ouviu falar no desenho. Aliás, aí que Shyamalan tropeçou. O roteiro é explicativo demais e alguns personagens perdem minutos narrando, explicando e dando exemplos o tempo todo. Parece que Shyamalan quis certificar que você, espectador leigo no assunto, saísse sem nenhuma pulguinha atrás da orelha, mas o que ele conseguiu foi perder um pouco do ritmo da aventura nesse lenga-lenga de "quando tal coisa acontece, significa que...".
Apesar disso, o filme ficou bem acabado, deixou um mistériozinho gostoso no final, as pessoas na sala de cinema (em sua maioria adultos) saíram satisfeitas, algumas surpresas com o fato de ser um filme infantil (olha o trailer enganando o povo de novo, não é mesmo Corpo Fechado?) mas não deixando o fato de ser um filme feito para entreter.

Nota: 7,0

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