domingo, 11 de julho de 2010

Minha Opinião sobre O Despertar da Primavera



Olha, eu já vi vários depoimentos de pessoas que viram O Despertar no Rio, viram no Sérgio Cardoso, 1, 2, 24 vezes... Finalmente tive a chance de ter o meu ponto de vista sobre a obra vencedora de 7 Tonys.

Sou um grande fã de teatro musical em geral. Infelizmente, não tenho condições financeiras de sustentar meu vício (hehe), mas tento ao menos 1 vez assistir cada estréia de São Paulo.

Conheço o trabalho da dupla Moeller/Botelho, e a Noviça Rebelde me encantou demais, mas confesso que O Despertar da Primavera me surpreendeu.

Sou adepto ao musical clássico, com histórias lindas, quase de princesas (as vezes delas mesmo) e o clima feliz preponderante nelas. Quando um musical vai pro lado dark, deprimente ou sinistro, como vi em Rent (que detesto), Sweeney Todd... acho que a música fica destoante e cansativo pro enredo.

Porém, O Despertar achou o tom. Conseguiu mesclar a seriedade da história, interpretações magistrais, músicas que tem uma fluência, se conectam sem ficar repetitivo demais, o ritmo é gostoso, a adaptação fiel e brilhantemente eloquente, enfim foi um deleite.

Pra quem não conhece a história, é na Alemanha, em 1871, aonde jovens são educados separadamente (meninos num local, meninas em outro) e os pais rejeitam a possibilidade de educa-los sexualmente, mesmo se já apontem seus 16, 17 anos. É nesse ambiente repressivo e promíscuo que um grupo de jovens começa a se questionar, a buscar respostas e experiências.

Sou daqueles que não curtem nudez desproposital, palavrões demais e outros artifícios muitas vezes utilizados no teatro brasileiro, como uma armadura que gritasse: somos ousados e corajosos o suficiente pra isso, isso é arte... acho tais atitudes infantis e desnecessárias, e nisso DESPERTAR é muito bem dosado, o tema é forte, mas tratado com leveza nos momentos certos, e ao mesmos tempo com uma clareza e um desprendimento moral nas partes que isso deve ocorrer, que os tabus enfrentados pelas personagens são encarados bem e até defendidos pela platéia.

Enfim, segunda (13/07) irei de novo e pretendo parabenizar o elenco. Como ator de teatro musical também fiquei emocionado com a entrega e o talento de todos. E que venham mais musicais desta dupla cujo apelido é competência.

UPDATE - Assisti nesta segunda com a alteração no elenco de Pierre Baitelli por Felipe Tavolaro, que me encantou como Rolf de A Noviça Rebelde. Felipe, no papel principal da peça, traz uma característica bem diferente de Pierre. Pierre é mais rebeldia, mais rock'n roll, Felipe é mais bondade, mais sutileza, criou um Melchior mais apaixonado que indignado, diferente, nem melhor nem pior, mas tão bom quanto o competente trabalho de Baitelli. destaco também a cena entre os atores Thiago Amaral e Felipe de Carolis, que ficou ainda melhor que da primeira vez que vi, sutil. humana, honesta, desprendida de preconceitos e puramente apaixonada. Um deleite rever a peça, que fica em curtíssima temporada no Teatro Frei Caneca e que merece ter a sua atenção, leitor do blog.

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