sábado, 19 de junho de 2010

Crítica - Kick-Ass


O mercado de super-heróis nos cinemas se tornou não só presente como alvo de grandes expectativas por um público exigente não só na qualidade da ação mas também na fidelidade quanto sua origem, a revista em quadrinhos. Filmes que podem agradar, como Homem de Ferro, e gerar lucros absurdos e outros que podem decepcionar, como O Demolidor, e virar motivo de chacota.
O interessante sobre a base das histórias de super-heróis é que elas criaram clichês, apesar de serem diferentes umas das outras. Se você pensa num homem de outro planeta com super poderes, pensa em Super Homem, um ricaço que combate o crime com alta tecnologia, pensa em Batman ou no Homem de Ferro, um estudante genéticamente modificado, pensa em Homem-Aranha, um anel que dá poderes, Lanterna Verde e assim sucessivamente. O interessante é que a base de criação de um super-herói depende sempre de algo inalcançável por nós, meros mortais.
E é essa a questão que a comédia-ação-filme adolescente KICK-ASS traz como base. Dave, (Aaron Johnson de  O Senhor dos Ladrões e O Ilusionista) um nerd viciado em histórias em quadrinhos que passa a questionar porque existem tantos fãs de super-heróis e nenhum deles teve a ousadia de tentar ser um e ajudar pessoas em perigo. Decidido, ele compra uma fantasia e vai atrás de seu objetivo justiceiro. Logo ele descobre que ninguém nunca tentou ajudar pessoas em perigo porque é... perigoso. Daí o filme passa a contar a história desse super herói desajeitado, sem habilidades marciais, mas com muita força de vontade. Conhecemos o vilão do filme (Mark Strong, vilão também de Sherlock Holmes) , surgem outros justiceiros, como a Hit Girl e o Big Daddy (Nicholas Cage) e paralelamente acompanhamos os problemas da juventude de nosso herói,  seu affair, seus amigos descrentes e seu crescimento.
Kick-Ass tinha tudo para ser horrível. Se analisarmos a história acima, parece um homem-aranha sem poderes, uma tentativa chucra de sátira aos filmes do gênero. Mas o roteiro seguro, com tiradas inteligentes e comédia bem dosada, unida a direção segura e dinâmica de Matthew Vaughn, que foi produtor dos excelentes Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch, Porcos e Diamantes além de dirigir Stardust, conseguem transformar um filme simples em uma grande diversão, com efeitos especiais mais que competentes, destaco aqui a história da personagem de Nicholas Cage, muito bem contada em formato de quadrinhos, a personagem principal é inteligente, divertida, faz referências a vários ícones da cultura pop e o filme impõe um ritmo gostoso e intenso.
Vale destacar também a atuação da jovem Chloe Moretz (de 500 Dias com Ela e Olho do Mal) como a heroína Hit Girl. Ela é ágil, esperta, divertida e consegue criar uma personagem memorável.
O filme bebe de alguns clichês sim, tem momentos adolescentes sim, mas nada que o faça ficar bobo ou desinteressante como um American Pie. Não conheço a HQ original, mas acredito que este também seja o espírito dela, mostrar tal mundo pelo ponto de vista de um adolescente, mas sem apelar para super poderes ou vilões megalomaníacos. Os vilões do filme são os vilões do nosso mundo. Kick-Ass consegue prestar uma bela homenagem ao universo nerd e divertir crianças e adultos, sem querer ser o filme do ano, mas sendo uma ótima pedida para um entretenimento de qualidade.

Nota: 8,5

Um comentário:

Anônimo disse...

Kick-Ass é muito interessante. É realmente um dos grandes lançamentos desse ano.