sexta-feira, 7 de maio de 2010

Crítica - A Hora do Pesadelo



Michael Bay de uns tempos pra cá vem usando seu rico (e próspero) dinheirinho para contribuir na indústria do Terror. Apesar de manter-se na direção de filmes de ação, como Transformers, A Ilha... é na produção que Bay vem destacando produções do gênero que tanto agrada adolescentes do mundo todo. Mas os filmes produzidos por Bay reservam uma característica especial: são, em sua maioria, refilmagens de clássicos dos anos 80. O Massacre da Serra Elétrica, Sexta-Feira 13, Horror em Amityville, A Morte Pede Carona, todos esses saíram do bolso dele.
Sua mais nova incursão no terror, A HORA DO PESADELO, traz as telonas um dos maiores símbolos dos filmes slash dos anos 80, Freddy Krueger, pedófilo morto queimado vivo que retorna nos pesadelos dos filhos daqueles que o mataram.
Eu, particularmente, sempre tive Krueger como meu psicopata favorito. Jason sempre me incomodou, seus filmes eram escraxados e apelativos (sexualmente e violentamente). Boneco Assassino até me interessava, mas foi banalizado. Agora Krueger sempre manteve seu sinismo, o surreal fato de ser uma criatura alimentada pela imaginação, e não um ser vivo que nunca morre. Krueger não morrer pois não existe, na verdade, e isso que leva seus crimes a extremos que seu enredo permite.
O enredo desta refilmagem segue a base original e tem pontos que são idênticos a obra de Wes Craven, mas o novo roteiro permite surpresas, reviravoltas interessantes, o climão do terror clássico está lá e o personagem não é ridicularizado e nem seus personagens levados ao humor negro. É tudo mais sério, e isso envolve o espectador, que se permite fechar os olhos quando a música aumenta e pular da cadeira em vários momentos.
Claro que, por ser um filme clássico de terror adolescente, alguns dos elementos estão lá, mas chega a ser agradável revisitá-los, como a mocinha que faz tudo na penumbra, eles sempre vão aos lugares sombrios sozinhos, os sustos fáceis, o personagem que dá um xilique... tudo isso está no filme, mas ainda assim não perde a sua graça.
Destaque para a trilha sonora, na medida certa, com o volume criando o clima de cada pesadelo, a produção e direção também acertam ao criar um "padrão" de pesadelos. Quem lembra do filme original, nele era raro saber se a pessoa estava sonhando ou não, e isso irritava por sempre entrarmos na história de não saber se aquilo estava acontecendo ou não. Na nova produção, o diretor não permite tal pegadinha, quando a personagem adormece, muda a luz, somem os figurantes, tudo indica que Freddy vem aí. Outra coisa diferente é o fato do filme mudar de protagonista algumas vezes, fato que alguns críticos apontam como defeito, por não criar alguém que seja tão carismático quando o vilão, embora eu acho que filmes sustentados pelos assassinos não precisam de protagonistas heróicos, a fragilidade dos demais personagens é que interessa.
Infelizmente, apesar do bom trabalho de Jackie Earle Haley (o Rorschach de Watchmen, indicado ao Oscar por seu papel como pedófilo (!) em Pecados Íntimos) sua aparência é franzina e ele é baixo para o papel de Freddie, ficando notável os truques de câmera usados para não parecer um vilão nanico. Alguns atores também não se esforçam muito em seus personagens, ficando clichê demais, em particular Kyle Gallner (de Big Love e Smallville) cuja expressão facial de perturbado mental começa a me irritar.
Apesar dos clichês, A HORA DO PESADELO entrete, é bem produzido, leva ao susto e deixa satisfeito o fã do serial killer mais cruel dos nossos sonhos. Não, espectador, você não sairá do cinema tremendo de medo, vomitando ou pensando que nunca mais vai dormir. Isso foi numa época em que anunciar no rádio que os ETS invadiram a terra provocada fuga em massa. Estamos em Tempos Modernos, só o que nos tira o sono são dívidas e doenças incuráveis, portanto, não vá achando que será o filme de terror que mudará sua vida, vá para simples diversão.

Nota: 8,0

4 comentários:

Unknown disse...

Muito boa a critica. Concordo com praticamente tudo. Faltou citar a atriz Katie Cassidy que para mim esta super bem no filme.

Parabéns!

Allan Machado disse...

Também achei o filme razoável. Esse pessoal da crítica especializada nunca esta satisfeito com nada. Não tem um filme de terror que não tem defeito pra eles!

karine disse...

adorei seu comentário... já queria ver o filme, mas, agora é que vou mesmo. Me fala uma coisa, eu vi na propaganda que tinha em 3D mas não encontrei em nenhum cinema da região. Você sabe me dizer aonde esta passando em SP capital? Obrigada.

Raphael Gama disse...

Cara Karine,

Os boatos de 3D foram só boatos, a verdade é que a Warner planeja, com o sucesso deste, fazer sua sequência em 3D, portanto esta versão você só encontra em formato tradicional nas salas de cinema. Abraço!